segunda-feira, 9 de abril de 2012

1° Episódio: Antigos sonhos, novos rumos.


O escritório da imobiliária parecia um forno imenso. O ar condicionado estava quebrado e poucas eram as janelas que abriam naquele andar. Os homens passavam desconfortavelmente a mão na gola das camisas, sentindo os dedos saírem molhados de suor.
Sagitária cruzou a porta de vidro, fazendo uma careta quando não sentiu a lufada de ar frio que esperava. Parou em frente a porta, se equilibrando nos saltos altos, mãos na cintura, destacando o corte do seu conjunto social, pensando na infelicidade que era um escritório sem ar condicionado.

Andrômeda entrou logo atrás, distraída, olhando para algo por cima do ombro. Esbarrou na amiga, forçando Sagitária a dar três passos para frente. Sorrindo, em sinal de desculpas, ela apontou os cadarços desamarrados dos tênis converse, como justificando o ato desastrado. Na verdade Andrômeda era sempre muito sem jeito, com ou sem cadarços soltos.
As duas caminharam até o balcão, tagarelando. Andrômeda fez alguma piada sobre o fato de cobrarem a sauna na saída. Sagitária, riu, mas focada em concluir com rapidez a missão delas ali: a busca de um apartamento, que seria o quartel general delas por Deus sabe quanto tempo, até que ambas conseguissem realizar seu sonho: viver de arte.
As duas se conheceram há dez anos atrás, ainda na escola. Entraram num projeto de teatro, que, para a maioria dos alunos, funcionava como um jeito de escapar das aulas, mas não para elas. Ambas atuavam, Sagitária ajudava na produção, e Andrômeda escreveu algumas peças, elas encaram aquilo como a coisa mais séria do mundo.Discussões, tapas, choro, sorrisos, tudo para manter o teatro funcionando. Por aquele estranho período chamado adolescência, o grupo de teatro escolar foi o centro de suas vidas.
O tempo passou, o ensino médio acabou, e elas seguiram seus caminhos. Andrômeda foi estudar literatura e línguas, enquanto Sagitária decidiu que continuaria os estudos na área de atuação. Dez anos passaram, dez anos nos quais elas perderam contato entre si. Em meio a contas, cursos, amores, dores, elas cresceram e se tornaram adultas, ainda alimentando o sonho de serem artistas. Sagitária era executiva de uma grande empresa de cosméticos, emprego que lhe garantia o sustento e a possibilidade de produzir pequenas peças de teatro ocasionalmente. Andrômeda era professora, recém contratada de uma grande rede de ensino, escrevia ocasionalmente, mas nunca havia publicado nada.
Por um acaso do destino, ambas decidiram sair da casa dos pais na mesma época. Uma amiga em comum, que ainda mantinha contato com as duas, fez o papel de intermediária. Por que não dividiam um apartamento? Isso diminuiria as despesas, além de uma servir de apoio a outra, no caminho das pedras da vida artística.
E isso nos traz de volta ao escritório da imobiliária.
Andrômeda debruçou no balcão, cansada por antecedência do trabalho de procurar algo. Sagitária, com um sorriso animado no rosto, explicou para a recepcionista que estavam procurando um apartamento para alugar. Recebeu da simpática mocinha uma lista de endereços e descrições de imóveis.
Extremamente prática, tirou do bolso um bloquinho, para anotar os endereços que aparentemente interessavam. Andrômeda apontava por cima do ombro dela.
- Esse aqui tem dois quartos...
- Muito longe do metrô, Andrômeda.
- Mas tem dois quartos.
- Mas é longe, combinamos que queremos algo perto do metrô.
- Se alugarmos algo com um quarto só e você for uma roncadora, eu te mato enquanto você dorme!
- Querida, se VOCÊ roncar, quem te mata sou eu...
Ouvindo a conversa entre as duas, um jovem corretor não pode deixar de rir. Estava discretamente as olhando desde que entraram, e as estava achando engraçadas.
- São apartamentos demais, Sagitária, vamos levar o dia todo para ver todos! E estamos sem carro, já pensou o quanto vamos ter que andar?
- Já falou a mocinha que até agora há pouco não se importava em andar um pedação até o metrô todos os dias...
- Veja bem...
Os olhos da Andrômeda e do corretor, Erick, se cruzaram. Ambos tinham olhos escuros, e o rapaz não conseguiu deixar de sorrir quando viu a garota abrir um largo sorriso, adornado por um aparelho ortodôntico.
- O que você está fazendo, Andrômeda? - Sagitária sussurrou.
- Aii, vai dizer que não o achou uma gracinha? Além do mais...
- Além do mais o quê?
Elas foram interrompidas por Erick, que ainda mantinha contato visual com Andrômeda e ainda sorria.
- Com licença, senhoritas, não pude deixar de ouvi-las. Eu posso levá-las para conhecer alguns apartamentos...
Ele estendeu a mão e se apresentou. Antes de saírem, para o carro do rapaz, Andrômeda sorriu para a amiga.
- Além do mais podemos conseguir carona...

3 comentários:

  1. Belo texto, parabens você escreve muito bem!!!

    www.deysejoyce.com

    Bjins

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  2. Oieee meninas!!! Já estou acompanhando a série de vcs hein!!! Quero saber a continuação da história!!!

    Bjuusss =^-^=

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  3. Adooorei a historia, a maneira como escreve! Parabens! ;)
    Quero maaaais!! *-*

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